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Memória Libertária

Documentos e Memórias da História do Movimento Libertário, Anarquista e Anarcosindicalista em Portugal

Documentos e Memórias da História do Movimento Libertário, Anarquista e Anarcosindicalista em Portugal

Memória Libertária

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Out22

(memória libertária) José de Brito: "Os mortos que vocês mataram gozam de boa saúde"


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José de Brito (Algarve, 1901- Lisboa, 21 de agosto de 1996) foi um anarquista muito interventivo, que suscitou alguns conflitos, mas que deixou também naqueles que o conheceram uma chama de rebeldia e de inconformismo salutar. A sua casa na Calçada da Bica, em Lisboa, era lugar de encontro de libertários de várias gerações e de várias nacionalidades nos anos que se seguiram a Abril de 1974. Tendo passado a sua juventude na América Latina, sobretudo na Argentina, regressa a Portugal depois de escapar por uma "unha negra" ao pelotão de fuzilamento. Aqui desenvolve uma forte actividade comercial, mantendo sempre ligação aos companheiros anarquistas. 

Após o 25 de Abril de 1974 participa no esforço organizativo do movimento libertário e, ao mesmo tempo, edita uma pequena publicação, com outros companheiros, "A merda", que vende dezenas e dezenas de milhar de exemplares, mas que alguns sectores libertários contestam e repudiam. Numa célebre nota publicada nos jornais A Batalha e na Voz Anarquista, em Janeiro de 1976,  intitulada "Desfazendo a confusão" os colectivos de "A Batalha", da "Voz Anarquista" e de "A Ideia" denunciam "certo grupo de baixo espírito mercantil (que) edita, além doutras, uma publicação intitulada MERDA, único produto da sua facúndia, que se reclama de ANARCA, e em seguimento se vende em bancas juntamente com obscenidades como exploração de baixo gosto".

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No entanto, José de Brito continuou a editar diversas publicações, muitas delas textos teóricos do anarquismo, na Cooperativa Fomento Ácrata mantendo também um forte relacionamento com os sectores mais jovens do movimento libertário, nomeadamente com a Associação Cultural "A Vida" que, entre os anos de 1995 e 2012, editou a revista "Utopia".

Esta revista, na altura da sua morte, publicou um texto autobiográfico de José de Brito, reunindo passagens de várias entrevistas dadas a José Tavares e a Stephanie Zoche para o filme Memória Subversiva, onde nos conta em linhas gerais o percuso da sua vida, que agora recuperamos: 

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Mais sobre José de Brito: https://colectivolibertarioevora.wordpress.com/2013/01/22/bandeira-negra/

Notas necrológicas por José M. Carvalho Ferreira e de José Luís Félix: http://www.utopia.pt/edicoes/Binder4.pdf

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José de Brito e a mulher, Serafina, na sua casa na Calçada da Bica, rodeados de livros

Foto publicada no nº 4 da revista Utopia, de 1996

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Primeiro disco de Vitorino "Morra quem não tem amores" com anarquista José de Brito na capa


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Primeiro disco de Vitorino Salomé, editado em 1975, com José de Brito, um velho anarquista lisboeta, na capa.

Vídeo com imagens de José De Brito, um dos anarquistas históricos do movimento libertário de antes do 25 de Abril de 1974. José de Brito teve uma juventude aventurosa na Argentina, militando no sindicato anarcosindicalista F.O.RA. Viveu muitos anos na Calçada da Bica, em Lisboa, onde possuía uma monumental biblioteca, e que serviu a muitos jovens, nos meses que se seguiram ao 25 de Abril, de espaço de convívio e de aproximação às ideias e à história do movimento libertário.

“José de Brito nasceu no Algarve no início do séc. XX, emigrou para a Argentina onde militou na organização anarcossindicalista FORA (Federación Obrera Regional Argentina) e regressou a Portugal cerca de 1940. Tendo antes trabalhado em feiras e mercados, estabeleceu-se depois em Lisboa com uma marisqueira em Cascais e uma casa de venda de mariscos na Praça da Figueira, denominado “O Cesteiro”, que passou a ser um ponto de encontro de camaradas anarquistas. Depois do 25 de Abril de 1974 ganhou notoriedade para além do seu bairro da Bica, criando a Cooperativa Cultural Editora Fomento Acrata e fazendo vender na rua o jornal “A Merda”, editando um cartaz com o galo de Barcelos em postura eleitoralista (“Ruim por ruim, vota em mim!”), etc. Publicou colaboração na imprensa libertária sob pseudónimos como “Zé Barembé”, “Barnabé de Bernardino Filho”(?) e outra assinada com o seu nome, tal como várias brochuras (por exemplo, “Uma revolução dentro da revolução social”, 1991). Há notas biográficas saídas após a sua morte em “Utopia”, 4, 1996; e em “Singularidades”, 9, 1997 (João Freire, 2012)

Mais fotos do José de Brito, aqui: http://domadordesonhos.wordpress.com/2012/11/05/avenida-anarquista-recordando-um-velho-companheiro/

Morra Quem Não Tem Amores

Vitorino

Ó que linda rama tem o alecrim
Ó que linda rama tem o alecrim
Toca-lhe mansinho que ele está em flor
Como vão os teus amores

No alto da serra está uma bandeira
No alto da serra está uma bandeira
Não tem uma letra, não tem um bordado
Deixa não te dê cuidado

Ó bandeira diz-me que cor é que tens
Ó bandeira diz-me que cor é que tens
Eu não tenho cor e sou de seda pura
Faço inveja à formosura

Negra como a noite, negra como os corvos
Negra como a noite, negra como os corvos
Crista em desafio contra os ditadores
Morra quem não tem amores.

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cartaz anarquista com o galo de Barcelos, editado pelo José de Brito, e muito divulgado em Lisboa, no pós 25 de Abril

aqui: https://colectivolibertarioevora.wordpress.com/2013/01/22/bandeira-negra/