Primeiro disco de Vitorino "Morra quem não tem amores" com anarquista José de Brito na capa
Primeiro disco de Vitorino Salomé, editado em 1975, com José de Brito, um velho anarquista lisboeta, na capa.
Vídeo com imagens de José De Brito, um dos anarquistas históricos do movimento libertário de antes do 25 de Abril de 1974. José de Brito teve uma juventude aventurosa na Argentina, militando no sindicato anarcosindicalista F.O.RA. Viveu muitos anos na Calçada da Bica, em Lisboa, onde possuía uma monumental biblioteca, e que serviu a muitos jovens, nos meses que se seguiram ao 25 de Abril, de espaço de convívio e de aproximação às ideias e à história do movimento libertário.
“José de Brito nasceu no Algarve no início do séc. XX, emigrou para a Argentina onde militou na organização anarcossindicalista FORA (Federación Obrera Regional Argentina) e regressou a Portugal cerca de 1940. Tendo antes trabalhado em feiras e mercados, estabeleceu-se depois em Lisboa com uma marisqueira em Cascais e uma casa de venda de mariscos na Praça da Figueira, denominado “O Cesteiro”, que passou a ser um ponto de encontro de camaradas anarquistas. Depois do 25 de Abril de 1974 ganhou notoriedade para além do seu bairro da Bica, criando a Cooperativa Cultural Editora Fomento Acrata e fazendo vender na rua o jornal “A Merda”, editando um cartaz com o galo de Barcelos em postura eleitoralista (“Ruim por ruim, vota em mim!”), etc. Publicou colaboração na imprensa libertária sob pseudónimos como “Zé Barembé”, “Barnabé de Bernardino Filho”(?) e outra assinada com o seu nome, tal como várias brochuras (por exemplo, “Uma revolução dentro da revolução social”, 1991). Há notas biográficas saídas após a sua morte em “Utopia”, 4, 1996; e em “Singularidades”, 9, 1997 (João Freire, 2012)
Mais fotos do José de Brito, aqui: http://domadordesonhos.wordpress.com/2012/11/05/avenida-anarquista-recordando-um-velho-companheiro/
Morra Quem Não Tem Amores
Vitorino
Ó que linda rama tem o alecrim
Ó que linda rama tem o alecrim
Toca-lhe mansinho que ele está em flor
Como vão os teus amores
No alto da serra está uma bandeira
No alto da serra está uma bandeira
Não tem uma letra, não tem um bordado
Deixa não te dê cuidado
Ó bandeira diz-me que cor é que tens
Ó bandeira diz-me que cor é que tens
Eu não tenho cor e sou de seda pura
Faço inveja à formosura
Negra como a noite, negra como os corvos
Negra como a noite, negra como os corvos
Crista em desafio contra os ditadores
Morra quem não tem amores.
cartaz anarquista com o galo de Barcelos, editado pelo José de Brito, e muito divulgado em Lisboa, no pós 25 de Abril
aqui: https://colectivolibertarioevora.wordpress.com/2013/01/22/bandeira-negra/