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Memória Libertária

Documentos e Memórias da História do Movimento Libertário, Anarquista e Anarcosindicalista em Portugal

Documentos e Memórias da História do Movimento Libertário, Anarquista e Anarcosindicalista em Portugal

Memória Libertária

25
Jan23

(MEMÓRIA LIBERTÁRIA) COMÍCIOS ANARQUISTAS EM BEJA NO PÓS-25 DE ABRIL DE 1974


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O Alentejo sempre foi um terreno fértil para o anarquismo e para o anarco-sindicalismo enquanto instrumentos de luta para uma sociedade sem explorados nem exploradores. Na 1ª República o movimento libertário e anarco-sindicalista  teve uma forte presença em toda a região, sobretudo no seio dos trabalhadores agrícolas, dos artesãos (sapateiros, por exemplo), dos mineiros de São Domingos e de Aljustrel, dos corticeiros e dos pescadores da costa alentejana. Violentamente reprimido durante o fascismo, o movimento anarquista e anarco-sindicalista resistiu até onde pôde, vendo os seus melhores filhos, mortos, deportados ou presos.  Após o 25 de Abril de 1974 houve várias tentativas para recuperar essa tradição no Alentejo, tendo-se constituído grupos em Beja, Évora, Portalegre e noutras localidades. Em Beja, realizou-se no dia 25 de Janeiro de 1975 um comício que praticamente encheu o Ginásio do Liceu de Beja, em que estiveram presentes militantes e simpatizantes de todo o Alentejo. Este comício foi promovido pelos Grupos Anarquistas Autónomos. Alguns anos mais tarde, a 28 de Abril de 1979 realizou-se também em Beja uma outra sessão de esclarecimento promovida pelo jornal “A Batalha”, desta vez realizada na Sociedade Capricho Bejense. Ficam aqui, como registo, os cartazes e os panfletos distribuídos nessa altura na cidade de Beja.

aqui: https://colectivolibertarioevora.wordpress.com/2014/08/08/memoria-libertaria-comicios-anarquistas-em-beja-no-pos-25-de-abril-de-1974/

14
Dez22

A vida e morte da FARP-FAI (1975-1979)


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Voz Anarquista, nº11, Janeiro de 1976

No dia 14 de Dezembro de 1975 é constituída em Almada a FARP- FAI (Federação Anarquista da Região Portuguesa, filiada na Federação Anarquista Ibérica) reunindo diversos grupos anarquistas entre os quais os grupos editores da revista «A Ideia» e da «Voz Anarquista» a que se viriam a somar no ano seguinte (1976) outros grupos e companheiros  entre os quais o grupo ligado à revista «Acção Directa», que nos nºs 7 de Novembro/Dezembro de 1976 e 8 de Janeiro/Fevereiro de 1977 exibe, na contra-capa, a indicação: "Revista editada pelo Grupo Anarquista “Acção Directa” federado na FARP-FAI".

Entre as actividades que a FARP desenvolveu ressalta o comício anarquista na Voz do Operário em 15 de Janeiro de 1977 e a participação na realização de duas conferência libertárias em Outubro de 1977 e em Fevereiro de 1978 na sede de A Batalha, em Lisboa

A FARP existe até 1979, com uma existência atribulada e diversas dissensões internas, em que a mais grave terá sido a polémica entre o grupo ligado à revista "Acção Directa" e os grupo “Os Iguais”, que editava a  revista "A Ideia", a propósito do III Congresso Anarquista, em Carrara (Itália). Em Março de 1978 o  grupo editor da “Acção Directa” envia aos órgãos de comunicação social um comunicado assinado por António Mota em que se distancia do III Congresso Anarquista realizado  pela Internacional de Federações Anarquistas (IFA) entre os dias 23 e 27 de março, em Carrara, onde esteve presente uma delegação portuguesa. No nº 10, a Revista “A Ideia” (de que alguns elementos tinham estado em Carrara) publica o comunicado e, a seguir, num texto intitulado “Polémica” considera que com este texto, tal como com um artigo publicado no nº 11 da revista “Acção Directa” “'Alguns aspectos essenciais da acção dos Anarquistas'”, o grupo "Acção Directa" distancia-se do pensamento defendido pelos membros de “A Ideia”,  e enveredam por “posições - mais restritivas dentro do panorama libertário - dos anarquistas INDIVIDUALISTAS”. Também a "Voz Anarquista", sem publicar o comunicado da “Acção Directa”, critica esta tomada de posição e escreve que a IFA só representa os grupos que a ela queiram aderir e não a totalidade do movimento anarquista.

Desgastada com as polémicas internas e não dando resposta às necessidades organizativas com que o movimento se depara (em junho de 1976 já se havia constituído a ALAS, juntando os companheiros que se movimentavam em torno do anarcosindicalismo e do jornal “A Batalha”, havendo mesmo a 7 de Dezembro de 1978 nova reunião na sede de “A Batalha” para discutir a necessidade de uma nova organização anarquista. “Empreendamos um caminho que afirme as nossas ideias em resposta a uma civilização em crise”, afirma a convocatória do encontro), a FARP suspende a sua actividade em plenário realizado em Almada a 17 de Novembro de 1979.

25
Out22

(1979) Um comunicado anarquista a propósito do assassinato pela GNR de dois trabalhadores agrícolas em Montemor-o-Novo


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No dia 27 de setembro de 1979,  dois trabalhadores agrícolas, Casquinha, de 17 anos, e "Caravela",  de 57 anos, foram mortos pela GNR durante a entrega de uma reserva que fora retirada à Cooperativa Bento Gonçalves, na Herdade Vale do Nobre, no Escoural, Montemor-o-Novo. De todos os quadrantes situados à esquerda o crime da GNR foi alvo de crítica e de denúncia.

Os anarquistas também juntaram a sua voz aos protestos e a revista "Acção Directa" publicou na sua edição nº 15, de novembro de 1979, um comunicado assinado por "um grupo de anarquistas" exortando os trabalhadores alentejanos a organizarem-se e a passarem à ofensiva, através da violência revolucionária, não se deixando anestesiar pelo discuros das cúpulas partidárias e sindicais.