(memória libertária) As faixas da Casa Viva, no Porto, e a repressão policial
No dia 20 de dezembro de 2008, dia internacional de solidariedade com os jovens gregos em revolta, depois do assassinato pela polícia grega do jovem anarquista de 15 anos, Alexandros Grigoropoulos (Alexis), o Centro Social Casa Viva (março de 2006 a maio de 2015), um espaço autogestionado na Praça Marquês de Pombal, no Porto, decidiu colocar uma faixa no prédio que ocupava denunciando a actuação da policia grega. Na altura foi distribuído um comunicado à população (O espectro da liberdade surge sempre com uma faca nos dentes) a explicar o sentido da faixa. Duas semanas depois, a 5 de Janeiro, os Bombeiros Sapadores do Porto, chamados pela PSP, retiraram a faixa, e foi levantado um auto de apreensão.
Dias depois a Casa Viva reagia com um comunicado em que denunciava a actuação da polícia e das autoridades e em que se alertava para a, cada vez maior, violência exercida contra qualquer dissidência: "Os processos de intimidação à divergência apertam-se. Espera-se que o medo de qualquer coisa, independentemente do que seja, impeça as pessoas de se manifestarem, de exporem opiniões, de se levantarem perante as injustiças dos poderosos. Depois de visitas policiais à Casa em dias de reuniões, depois de visitas regulares ao blog, veio o roubo/apreensão da faixa, um processo-crime sobre “os responsáveis pela faixa”, o reconhecimento policial de que já estamos todos fichados e as ameaças de que, ou atinamos, ou nos fecham a Casa e nos mandam de saco, por causa da questão da propriedade, aliás, por causa das drogas, aliás por qualquer coisa que lhes apeteça." (aqui)
Mas a tensão entre as autoridades locais e os activistas da Casa Viva devido às faixas não ficou por aqui. Cinco anos depois, para assinalar o 1º de maio de 2014 decidiram colocar uma faixa, na frontaria do edificio, criticando a escravidão do trabalho assalariado. A frase escolhida foi: "SER ESCRAVA PARA SOBREVIVER, IDE-VOS FODER!".
No dia 2 de Maio, sem que qualquer uma das ocupantes da casa estivesse presente, numa acção conjunta, a PSP, Polícia Municipal e Sapadores do Porto retiraram a faixa, sem qualquer explicação. A Casa Viva reagiu com um comunicado em que reivindicava o direito a cada um usar a fachada das suas casas como muito bem entendesse, " já muito bem pago pelos impostos (IMI) no direito de habitar!" (aqui)
Video relacionado: https://youtu.be/XclwwxL5Ql0