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Memória Libertária

Documentos e Memórias da História do Movimento Libertário, Anarquista e Anarcosindicalista em Portugal

Documentos e Memórias da História do Movimento Libertário, Anarquista e Anarcosindicalista em Portugal

Memória Libertária

14
Dez22

A vida e morte da FARP-FAI (1975-1979)


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Voz Anarquista, nº11, Janeiro de 1976

No dia 14 de Dezembro de 1975 é constituída em Almada a FARP- FAI (Federação Anarquista da Região Portuguesa, filiada na Federação Anarquista Ibérica) reunindo diversos grupos anarquistas entre os quais os grupos editores da revista «A Ideia» e da «Voz Anarquista» a que se viriam a somar no ano seguinte (1976) outros grupos e companheiros  entre os quais o grupo ligado à revista «Acção Directa», que nos nºs 7 de Novembro/Dezembro de 1976 e 8 de Janeiro/Fevereiro de 1977 exibe, na contra-capa, a indicação: "Revista editada pelo Grupo Anarquista “Acção Directa” federado na FARP-FAI".

Entre as actividades que a FARP desenvolveu ressalta o comício anarquista na Voz do Operário em 15 de Janeiro de 1977 e a participação na realização de duas conferência libertárias em Outubro de 1977 e em Fevereiro de 1978 na sede de A Batalha, em Lisboa

A FARP existe até 1979, com uma existência atribulada e diversas dissensões internas, em que a mais grave terá sido a polémica entre o grupo ligado à revista "Acção Directa" e os grupo “Os Iguais”, que editava a  revista "A Ideia", a propósito do III Congresso Anarquista, em Carrara (Itália). Em Março de 1978 o  grupo editor da “Acção Directa” envia aos órgãos de comunicação social um comunicado assinado por António Mota em que se distancia do III Congresso Anarquista realizado  pela Internacional de Federações Anarquistas (IFA) entre os dias 23 e 27 de março, em Carrara, onde esteve presente uma delegação portuguesa. No nº 10, a Revista “A Ideia” (de que alguns elementos tinham estado em Carrara) publica o comunicado e, a seguir, num texto intitulado “Polémica” considera que com este texto, tal como com um artigo publicado no nº 11 da revista “Acção Directa” “'Alguns aspectos essenciais da acção dos Anarquistas'”, o grupo "Acção Directa" distancia-se do pensamento defendido pelos membros de “A Ideia”,  e enveredam por “posições - mais restritivas dentro do panorama libertário - dos anarquistas INDIVIDUALISTAS”. Também a "Voz Anarquista", sem publicar o comunicado da “Acção Directa”, critica esta tomada de posição e escreve que a IFA só representa os grupos que a ela queiram aderir e não a totalidade do movimento anarquista.

Desgastada com as polémicas internas e não dando resposta às necessidades organizativas com que o movimento se depara (em junho de 1976 já se havia constituído a ALAS, juntando os companheiros que se movimentavam em torno do anarcosindicalismo e do jornal “A Batalha”, havendo mesmo a 7 de Dezembro de 1978 nova reunião na sede de “A Batalha” para discutir a necessidade de uma nova organização anarquista. “Empreendamos um caminho que afirme as nossas ideias em resposta a uma civilização em crise”, afirma a convocatória do encontro), a FARP suspende a sua actividade em plenário realizado em Almada a 17 de Novembro de 1979.